Teóricos
das mais diferentes disciplinas têm observado com espanto tanto esta crise
global causada pelo Covid19, quanto as perspectivas que se descortinam após o
sombrio horizonte, quando finalmente (que perto esteja!) rompermos essa cadeia
que nos encerra.
O
consenso é o mesmo: O de que o mundo o mesmo já não será, mas um rearranjado.
Pois é patente que o mundo passa e passará pelo que eu tenho chamado de um
Reordenamento Estrutural Glocal (Glocal = Local + Global).
A
explosão de dramas existenciais os mais diversos ocupará as manchetes de
jornais, as conversas de bar, de clube, de banco de igreja, e as obras de
artistas de todas as assim chamadas nove artes, por muito tempo.
Novas
patologias psíquicas emergirão deste período? É provável. Muitas pessoas, jamais
submetidas a um tal estresse psicológico, terão nele o gatilho que de outra
forma talvez nunca sofressem, para a eclosão do trauma e seus manifestos.
Esse
entrevero todo abre espaço, por outro lado, para, se não o ressurgimento (pois
isso sempre esteve aí), ao menos a amplificação e recalibração dos movimentos
de contemplação interior, da espiritualidade em suas múltiplas facetas à
filosofia e seus questionamentos ontológicos. Observar como a natureza respira
e prospera enquanto nós nos (res)guardamos em nossas casas dará também o que
pensar, até mesmo àqueles que não costumam entregar-se a tão refinado esforço.
Outra
assertiva: Haverá uma provável corrida ampla, tocada com algum desespero, em
direção ao emprego público e suas (ainda?) seguranças, movida por novos e antes
improváveis players, antes confortáveis em seus negócios particulares ou
na vida corporativa. Isso porque os entusiastas do laissez faire foram
golpeados na parte mais sensível de seus corações: O fundo do bolso.
Comércios
e indústrias que forem heróis da resiliência precisarão cambiar de modus
operandi (modo de operação) ou modus faciendi (modo de fazer)
ou até mesmo modus vivendi (modo de viver). Os que ainda nem pensavam
nas plataformas de vendas online, da tradicional e arcaica cerâmica de tijolos
em Itaboraí até a mercearia do seu Antônio aí na sua esquina, precisarão focar
nessa seara, nem que a título de ensaio. Afinal, quem sabe quando vem a próxima
crise?
O
sindicato dos entregadores há de se fortalecer: Em breve eles serão os novos
“rodoviários”: Os emergentes aqueles-de-quem-as-urbanidades-não-vivem-sem. Isso,
se ainda houver sindicatos – cujo principal inimigo, o (neo)liberalismo, tem
sido chicoteado como um escravo de galé, e pode vir a ser o primeiro grande
defunto de toda essa crise coronária – para desespero de viúvas e carpideiras.
Mas aí já estaríamos tocando com um dos pés na ilha de Utopia...
O
que não é utopia é que, ao fim e ao cabo, a humanidade vencerá. Escreva esta
certeza, tatue dentro de seus sonhos e cismares: A humanidade assimilará o
golpe, e se erguerá maior, pois ferida daquilo que a faz ser o que ela é,
ferida de ainda mais humanidade.
Sammis
Reachers
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