terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O exotismo das frutas da Mata Atlântica


Você conhece grumixama? Já comeu geleia de uvaia? Para a grande maioria, provavelmente a resposta será "não". Mas no que depender de Marcio Schittini, das empresas Tiferet, e Paulo Lima, da Estilo Gourmand, essas frutas da Mata Atlântica, hoje ainda consideradas exóticas, se tornarão mais conhecidas do consumidor. Para isso, eles estão fazendo um mapeamento de frutas nativas no estado do Rio, para identificar quais são e em que regiões elas crescem abundantes ou têm potencial para atender demanda comercial.


O projeto, que está sendo desenvolvido com financiamento do edital de Inovação Tecnológica, da Faperj, é amplo. "A Mata Atlântica é uma fonte de riquezas ainda pouco exploradas. Existem frutas nativas ainda muito pouco conhecidas do consumidor e por isso mesmo consideradas como exóticas. É o caso do cambuci, do cambucá, dagrumixama, da própria pitangajabuticaba, da uvaia e do araçá. Elas são, na verdade, as nossas berries nativas, ou seja, nossas cerejas fluminenses, bastante adequadas à produção de geleias, sorvetes, sucos, molhos e até pratos com ingredientes 100% do Rio de Janeiro", explica Schittini.

Identificadas as regiões de maior potencial, a equipe da Tiferet e daEstilo Gourmand vem visitando e entrando em contato com os agricultores da área para desenvolver estilos de cultivo orgânico, biodinâmico e amplo. "Alguns se mostram mais arredios; outros, ao saber que poderão contar com comprador para frutas que até então praticamente não tinham mercado, se entusiasmam." 

Segundo Schittini, ao valorizar frutas nativas, também se está valorizando os pequenos produtores rurais. "Nesse sentido, procuramos estabelecer treinamento e melhoria de práticas agrícolas sustentáveis, transformando esse produtor em fornecedor de frutas frescas e para uso industrial."

Apesar de serem frutas abundantes em toda a Mata Atlântica, ainda não existem cultivos em escala. "Na região do município de Varre-Sai, encontramos agricultores bem animados em ampliar sua plantação dejabuticaba e em conhecer novos métodos de cultivo. Na área de Quissamã, no entanto, embora adequada à grumixama, os agricultores ainda não acreditam que haja consumidores para ela por se tratar de uma fruta esquecida", explica.

O fato é que Schittini está investindo com certo conhecimento de causa. Para saber como anda o gosto do público, a Tiferet, que já produz molhos diferentes para atender a um público mais sofisticado, submeteu amostras de geleias de cinco sabores diferentes a testes cegos com especialistas da área de alimentos e donos de restaurantes.

"Testamos pitangaaraçájabuticabauvaiagrumixama e cambuci, além de outras quatro mais conhecidas, como goiaba, ameixa, laranja e amora. O resultado foi que esse público se mostra disposto e curioso a experimentar novos sabores." Segundo Schittini, ao consultar seus compradores sobre seu interesse em geleias, o resultado foi o mesmo. "Eles querem produtos diferenciados, não o que já existe no mercado e que o público já conhece", garante.

Enquanto procura aprimorar as amostras desses novos sabores de geleia, tanto no sabor quanto na formulação, já que se trata de produtos que não usam conservantes, a empresa também se prepara para começar a produzir de duas a cinco toneladas de geléia. Isso já garantirá a aquisição de quantidades importantes de frutas in natura junto aos plantadores. 

"De início, não conseguiríamos adquirir mais devido à escassez de plantios. O nosso objetivo é implementar novas áreas de cultivo pelo estado. Ao comercializar produtos com valor agregado, visamos ao desenvolvimento sustentável das comunidades fruticultoras. Se inicialmente queremos conquistar o mercado fluminense, no futuro, pretendemos direcionar nossas geleias também para exportação, que é um mercado sempre em busca de novidades do Brasil."

Para Schittini, estimular o consumo desses novos produtos será também um grande incentivo à fruticultura no estado, com geração de empregos e renda no interior. Como argumento, ele apresenta números: "O mercado de produtos orgânicos tem aumentado 10% ao ano no Brasil e 20% no exterior. O público consumidor de produtos light ou diet no País é de 30 milhões de pessoas e a receita das empresas do setor cresceu 870% nos últimos dez anos, segundo dados da Apex-Brasil. Além desses argumentos econômicos, temos ainda o fato de que preservar e reflorestar as áreas de Mata Atlântica é uma prioridade para o estado do Rio de Janeiro. Com a exploração econômica de frutas, é exatamente isso que estamos propondo."

FONTE: Faperj
Vilma Homero - Jornalista

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Contra enchentes, britânicos projetam 'casa anfíbia' flutuante

Foto: BBC
Com 225 m², a casa ficará apoiada entre quatro postes verticais que manteriam a construção flutuante no lugar durante uma enchente


Autoridades britânicas autorizaram a construção daquela que seria a primeira "casa anfíbia" do país, projetada para ser imune a inundações. De acordo com os arquitetos responsáveis pelo projeto, a casa será apoiada em fundações fixas, mas, em caso de uma inundação, a construção inteira se erguerá e flutuará sobre a água.


A primeira  casa deverá ser erguida em uma ilha na cidade de Marlow (condado de Buckinghamshire), a apenas 10 metros da margem do rio Tâmisa. Com 225 metros quadrados, ela substituirá um bangalô, construído no início do século 20 e em más condições de preservação.

A residência foi projetada pelo escritório de arquitetura Baca, com sede em Londres, especializado em construções resistentes a inundações. De acordo com os arquitetos, a casa ficará apoiada entre quatro postes verticais permanentes que manteriam a construção flutuante no lugar durante uma enchente. Estes postes, normalmente encontrados em marinas, foram integrados ao design da residência e serão visíveis do lado de fora.

Construída de madeira leve, a parte habitável da casa será altamente isolada e apoiada em uma cobertura de concreto, criando uma plataforma flutuante. O jardim, segundo os arquitetos, funcionará como um sistema de alerta, com plataformas posicionadas em diferentes níveis, projetadas para inundar gradualmente e, assim, chamar a atenção dos moradores antes que a água chegue a um nível ameaçador.


Foto: BBC
Construída com madeira leve, a parte habitável da casa será altamente isolada e apoiada em uma cobertura de concreto
A "casa anfíbia" foi projetada porque as leis urbanas da região onde a construção original está localizada não permitiriam que, ao ser reformada, ela ficasse muito alta. "Se ela fosse trocada por uma nova habitação, o piso teria de ser erguido para 1,5 metro acima do nível do chão", diz o diretor da Baca, Richard Coutts.

Custo maior
De acordo com Coutts, os custos de uma casa anfíbia são entre 20% e 25% maiores do que de uma casa convencional do mesmo tamanho. No entanto, segundo ele, o investimento é compensado pela economia feita com a redução dos gastos com seguros.

Embora se estime que a região sofra com apenas uma inundação a cada 20 anos, o nível do Tâmisa é motivo de temor por parte dos moradores. Em 2007, uma cheia do rio causou enormes prejuízos. "Uma cidade resistente precisa ser adaptável, e para ser adaptável, o ambiente construído (pelo homem) precisa inovar", afirma o diretor da Baca.

"O design anfíbio é uma das soluções que possibilita aos residentes viver com segurança e adaptar-se aos desafios das mudanças climáticas, e nós estamos muito ansiosos para construir o primeiro exemplo desta abordagem no Reino Unido."


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Uso insustentável causa redução de produtividade em 24% do solo global


O esgotamento do solo e o crescente número de reatores nucleares no fim da vida útil são algumas das questões ambientais mais importantes, de acordo com o Anuário 2012 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), lançado no dia 13 de fevereiro de 2012. Nos últimos 25 anos, houve redução de produtividade em 24% do solo global por causa do uso insustentável. Avaliações indicam que alguns tipos de agricultura intensiva estão provocando a erosão do solo em taxas aproximadamente cem vezes superiores à capacidade da natureza para formar o solo.

O anuário adverte que, sem mudanças na forma como a terra é gerida, haverá graves perdas nas florestas, turfeiras e pastagens, bem como da biodiversidade. Além disso, a erosão dos solos também afeta a mudança climática já que enorme quantidade de carbono armazenado no solo na forma de matéria orgânica pode ser liberada na atmosfera, agravando o aquecimento global.

Reatores nucleares

No mês janeiro, 138 reatores nucleares com fins civis foram fechados em 19 países, incluindo 28 nos Estados Unidos, 27 no Reino Unido, 27 na Alemanha, 12 na França, nove no Japão e cinco na Rússia. O desmantelamento, entretanto, só foi concluído em 17 deles.

O documento ainda oferece informações sobre opções que os países têm hoje relacionadas a materiais radioativos, procedimentos de segurança e implicações financeiras.

Para saber mais

Clique aqui para acessar o Anuário 2012 (em inglês).

FONTE: ONU Brasil

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Esperança ambiental: fungo amazônico que come plástico pode solucionar problemas de lixo

Se você não está convencido da importância de proteger a biodiversidade de florestas tropicais, aqui vai mais um argumento a favor: estudantes da Universidade de Yale, EUA, descobriram um fungo amazônico que pode comer os resíduos mais duráveis de nossos aterros: o poliuretano.
Durante uma expedição ao Equador, os universitários perceberam que o fungo tinha a capacidade de decompor o plástico. Este plástico é um dos compostos químicos encontrados em muitos, mas muitos mesmo produtos modernos – de mangueiras de jardim a fantasias.
Ele é valorizado por sua flexibilidade e rigidez ao mesmo tempo. O problema é que, como muitos outros polímeros, ele não se quebra facilmente. Isso significa que persiste em aterros e lixões de todo mundo por muito tempo.
O plástico até queima muito bem, mas esse processo libera monóxido de carbono e outros gases na atmosfera, por isso é uma impossibilidade ambiental. Nem precisamos destacar que algo que pode degradá-lo naturalmente seria uma solução muito melhor.
O fungo, chamado Pestalotiopsis microspore, consegue sobreviver com uma dieta de apenas poliuretano, em um ambiente anaeróbico.
A equipe de Yale isolou a enzima que permite que este fungo faça esse trabalho e que poderia ser usada para biorremediação.
Para nós, é estranho pensar em um microorganismo que coma material sintético durável, mas acredite, esse não é sequer o primeiro a fazer isso. Bactérias e fungos são capazes de quebrar muitos materiais. Uma espécie bacteriana – Halomonas titanicae – está comendo o Titanic no fundo do mar, por exemplo. Sorte nossa que podemos contar com tais criaturas incríveis.[POPSCI]
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