sábado, 24 de março de 2012

Conferencistas de quatro países confirmam presença no XXII Congresso Brasileiro de Fruticultura



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XXII Congresso Brasileiro de Fruticultura (CBF), que acontece de 22 a 26 de outubro de 2012, no Parque de Eventos de Bento Gonçalves, já tem garantida sua condição de foro internacional de debate. Afinal, o Congresso, promovido pela Embrapa, já tem confirmada a presença de conferencistas de quatro países (Brasil, EUA, China e Japão - confira detalhamento a seguir). "E esse número deverá ser ainda maior", diz o presidente da comissão executiva do CBF, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho Paulo Ricardo Dias de Oliveira.

O Congresso, anota Oliveira, está sendo dimensionado de modo a receber cerca de duas mil pessoas, de todo o país e do exterior. Para atrair esse público, está sendo preparada uma ampla programação, com conferências, painéis, apresentação de trabalhos em seções orais e na forma de pôster, visitas técnicas e atividades culturais.

"Nas visitas técnicas, os participantes poderão conhecer experiências exitosas de implantação e indicações geográficas de vinhos finos e espumantes, a produção regional de maçãs, peras, frutas de caroço, citros e pequenas frutas, tanto em sistema convencional como orgânico, e também como se dá a organização dos fruticultores familiares na Serra Gaúcha", observa o presidente. Outra novidade será a feira tecnológica, na qual serão expostos produtos, máquinas e equipamentos para o setor frutícola, completa.

O Congresso Brasileiro de Fruticultura, realizado desde 1971, é o principal fórum nacional de intercâmbio técnico-científico da fruticultura, setor no qual o Brasil coloca-se como terceiro maior produtor mundial, atrás apenas da China e da Índia. Seu público são instituições de ensino, pesquisa e extensão, órgãos governamentais, produtores, empresários, fabricantes e comerciantes de máquinas, implementos e insumos agrícolas e demais profissionais vinculados à produção de frutas.

O evento é uma realização da Sociedade Brasileira de Fruticultura (SBF), com promoção pela Embrapa, através de sua unidade Uva e Vinho. Mais de 20 instituições apoiam o Congresso, que conta com o patrocínio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Para mais informações sobre o evento, consulte: www.congressofruticultura2012.com.br

segunda-feira, 5 de março de 2012

A morte da águia, poema de Luís Guimarães


A bordo vinha uma águia.  Era um presente
Que um potentado, — um certo rei do Oriente,
Mandava a outro: — um mimo soberano.
Era uma águia real.  Entre a sombria
Grade da jaula o seu olhar luzia,
Profundo e triste como o olhar humano.

Aos balanços do barco ela curvava
Ao níveo colo a fronte que cismava…
E enquanto as ondas túrbidas gemiam,
Ao som do vento – em fúnebres lamentos
Ela pensava nos longínquos ventos
Que do Himalaia os píncaros varriam.

Fora uma infame e traiçoeira bala,
Que, do régio fuzil negra vassala,
Invisível – uma asa lhe partira:
Cheia de luz, tranqüila, majestosa,
Dobrando a fronde branca e poderosa,
Aos pés de um rei a águia real caíra.

Os bonzos vis, proféticos doutores,
Sondando-lhe a ferida e as cruas dores,
Que um venenoso bálsamo tentava
Apaziguar em vão, — diziam rindo:
“Não há no mundo exemplar mais lindo:
Vale um império!” – E a águia agonizava.

Um dia, enfim, o animal valente
Resistindo aos martírios, — largamente
Respirou a amplidão.  A asa possante
Abrir tentou de novo.  Aberta estava
A jaula colossal que o esperava:
Forçoso era partir.  Desde este instante,

A águia sombria e muda e pensativa,
Solene mártir, vítima cativa,
Terror dos vis e símbolo dos bravos,
Pediu a morte a Deus, — pediu-a ansiosa
Longe, porém, da corte vergonhosa
Desse covarde e baixo rei de escravos.

Pediu a morte a Deus, o cataclismo,
As convulsões elétricas do abismo,
As batalhas finais!  Morrer num grito
Vibrante, imenso, heróico, soberano,
E fremente rolar no azul do Oceano,
Como um titã caído do infinito.

Morrer livre, cercada de vitórias,
Com suas asas – pavilhão de glórias –
Inundadas da luz que o Sol espalha:
Ter o fundo do mar por catacumba,
As orações do vento que retumba,
E as cambraias da espuma por mortalha.

Entanto, melancólica, tristonha,
Como um gigante mórbido que sonha,
Fitava, às vezes, o revolto oceano,
Com esse olhar nublado e delirante,
Com que saudava a César triunfante
O moribundo gladiador romano.

O comandante – urso do mar bondoso —
Disse um dia ao escravo rancoroso,
Ao carcereiro estúpido e inclemente:
“Leve-a ao convés.  Verá que esse desmaio
Basta para apagá-lo um brando raio
Do largo Sol no rúbido oriente.”

Subiu então a jaula ao tombadilho:
Do nato dia ao purpurino brilho
Salpicava de luz o céu nevado…
E a águia elevando a pálpebra dormente
Abriu as asas ao clarão nascente
Como as hastes de leque iluminado.

O mar gemia, lôbrego e espumante,
Açoitando o navio; — além – distante,
Nas vaporosas bordas do horizonte,
As matutinas névoas que ondulavam,
Em suas várias curvas figuravam
Os largos flancos triunfais de um monte.

“Abre-lhe a porta da prisão,” ( ridente
O comandante disse ) “Esta corrente
Para conter-lhe o vôo é mais que forte!
Voar!  pobre infeliz!  causa piedade!
Dê-lhe um momento de ar e liberdade!
Único meio de a salvar da morte.”

Quando a porta se abriu, — como uma tromba,
Como o invencível furacão que arromba
Da tempestade as negras barricadas,
A águia lançou por terra o escravo pasmo,
E desprendendo um grito de sarcasmo,
Moveu as longas asas espalmadas.

Pairou sobre o navio — imensa e bela –
Como uma branca, uma isolada vela
A demandar um livre e novo mundo;
Crescia o Sol nas nuvens refulgentes,
E como um turbilhão de águias frementes,
Zunia o vento na amplidão,  – profundo.

Ela lutou, ansiosa!  Atra agonia
Sufocava-a.  O escravo lhe estendia
Os miseráveis e covardes braços;
Nu o oceano ao longe cintilava
E a rainha do ar, em vão, buscava
Onde pousar os grandes membros lassos. 

Sobre o barco pairou ainda, — e alçando,
Alçando mais os vôos,  e afogando
Na luz do Sol a fronte alvinitente,
Ébria de espaço, ébria de liberdade,
Como um astro que cai da imensidade,
Afundou-se nas ondas de repente.
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