O SEMEADOR
Já no horizonte o sol
declina.
Fico a admirar, sob um
carvalho,
O último raio, que ilumina
A última hora do trabalho.
Nos campos, da noite
banhados,
Comovido vejo um ancião
Que deixa escapar, aos
punhados,
A messe futura da mão.
É uma silhueta que se
agita,
Dominando as glebas
sombrias.
Pode-se ver que ele
acredita
Na fuga profícua dos dias.
Percorre a campina, sem
pressa,
Atira os grãos, na
semeadura,
Reabre a mão, e recomeça,
E eu cismo, testemunha
obscura,
Enquanto, desdobrando as
velas,
A sombra, com um leve
rumor,
Como que estende até as
estrelas
A augusta mão do semeador.
Victor Hugo
Tradução Anderson Braga Horta
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